sexta-feira, 17 de julho de 2009

NONA OFICINA REALIZADA EM PRESIDENTE MÉDICI - segunda e quinta (13 e 16 de julho)

“Salve o ESTILO e a COERÊNCIA textual”. Os conceitos destas duas unidades ganharam forma nesta nona oficina não sei se no melhor dos “estilos”, mas sei que causando efeitos surpreendentes.
As turmas são mistas no que se refere aos profissionais: pedagogos e professores de Língua Portuguesa, além de dois matemáticos. E como era de se esperar, a reação para com os conteúdos relacionados à estilística foi diferente da reação aos conceitos dos outros TPs. Os da área receberam com naturalidade, uma das cursistas apenas considerou o fato de esses temas estarem já presentes em séries do ensino fundamental como uma novidade, mas soube reconhecer a importância disso; os das outras áreas, no entanto, ufa!! Léxico, prosodemas, morfemas, metonímias, metáforas, assonâncias, aliterações, sintaxe, discurso indireto livre ... acompanharão os sonhos deles pelo um bom tempo. É interessante percebê-los em suas reações diante do tratamento dado a esses conteúdos. De uma certa forma, serve como parâmetro para analisarmos a reação de alunos em situações semelhantes. O estranhamento não se configura como algo negativo, é de fato, um “transtorno positivo” para a compreensão desses recursos disponíveis na língua. A constatação de que os artistas da palavra, escritores-poetas, utilizam racionalmente a língua para compor seus objetos artísticos, meche bastante com os leitores/expectadores. Ao perderem a “ingenuidade” de que o artista não é movido somente, ou quase nunca pela “inspiração”, mas sim por um articulado processo de trabalho com a palavra, desnuda o olhar inocente desse leitor e o fragiliza temporariamente, mas só temporariamente. Logo mais, se bem conduzido, essa descoberta o fortalecerá e o ajudará a tornar-se um leitor mais capaz de realmente usufruir da qualidade que tais leituras proporcionam.
Vale lembrar que essa abordagem foi feita pelo Gestar I nos Cadernos 4: Textos Narrativos Ficionais; 6: Texto Poético e o 7: Literatura Infantil. O tema também já foi tratado no TP 2 do Gestar II. Lembro-me das reações dos professores das séries iniciais diante do desdobramento desses assuntos, da “desacomodação” frente ao texto poético e do quanto aprenderam com isso. Muitos alunos já mostram reflexo do trabalho realizado com esses textos por professores que construíram essa consciência do texto literário. É possível encontrar crianças muito pequenas falando e desenvolvendo atividades sobre tipos de narrador e o papel destes para a Narrativa Ficciconal de forma muito natural e proveitosa. Suas produções também melhoraram e esses pequenos leitores certamente serão melhores leitores no futuro do que provavelemente nós somos hoje. A poesia começa a ganhar o espaço que merece no repertório leitor de nossos pequenos, e esse trabalho precisa continuar. Por isso, contamos agora com nossos professores do segundo segmento do ensino fundamental e ensino médio para dar continuidade a esse processo.
A unidade 17 mexeu, mobilizou, fertilizou e aguardamos os frutos. Num bom estilo, “Assim seja”, na verdade, um pouco batido, mas “deixa estar”.

Por Francisca Elizabeth dos Santos Alves, Formadora de Língua Portuguesa.

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